Andebol 11

ANDEBOL DE 11

FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS POR D. BERTA MADUREIRA , VIÚVA DE MANUEL MADUREIRA, VALOROSO GUARDA-REDES DO F.C.PORTO E SELECÇÃO NACIONAL









O Andebol (“Hand-ball”, como inicialmente era referido nas crónicas) nasceu como versão de futebol jogado à mão, em campos grandes, desporto colectivo cujo primeiro jogo internacional de que há notícia se desenrolou em 1925. Não se conhecem, porém, registos dos primeiros tempos do andebol no nosso país e sobretudo no F. C. Porto. Apenas há referências de ter começado na cidade do Porto antes de ser divulgado em Portugal, segundo testemunhos escritos dos seus alvores haverem tido origem num jogo que ficou conhecido por Malheiral, nome alusivo ao seu criador, Prof. Malheiro, da secção de ginástica do F. C. Porto, nesse tempo.


Sendo o Handebol (como se escrevia aportuguesadamente) então praticado em campos de futebol, com marcações próprias e por equipas de onze elementos - mais tarde chamado Andebol de Onze, por tal motivo, para distinção quando surgiu o de sete. Entretanto, o início oficial ocorrera em 1932, ano da criação da Associação de Andebol do Porto, num jogo empatado entre equipas do Futebol Clube do Porto e do Sport Club do Porto, aquando da inauguração da Casa do Jornalista, criada pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.









Ora, sabendo-se que foi em 1928 a criação da respectiva Federação Internacional e em 1938 que teve fundação a Federação Portuguesa de Andebol, fácil se verifica que o F. C. Porto foi pioneiro na modalidade, tendo inclusive sido o primeiro campeão nacional, ao ter conquistado o inicial campeonato disputado em 1938/39. Depressa se tornou a colectividade nº 1 do andebol português, tal a soma de sete títulos averbados nas sete primeiras épocas de disputa do mesmo campeonato, qual campeão crónico, depois com 12 vitórias máximas ao cabo de 14 anos da prova. Com a curiosidade de ter havido dois atletas que fizeram parte da equipa nas doze primeiras conquistas, Alberto e Fabião.





Ídolos desse tempo que se juntavam a antigos nomes vivenciados no afecto clubista, como Gomes dos Santos, Lopes Martins, Teófilo, Bastos, Joaquim e António Mota, além da acção de Arestes Amaro, treinador que era a grande alma nesses primórdios do andebol portista.


De permeio, tal valor de supremacia extravasou além-fronteiras, surgindo algumas vitórias do FCP a nível internacional, a primeira das quais diante da Selecção da Suíça*, em 1951, à equipa na altura considerada melhor da Europa, a quem o FCP venceu por 7-6 (na única derrota helvética na digressão em que vencera antes as Selecções de França, Suécia, Espanha, Portugal e Misto de Lisboa).


* segunda medalha a contar da esquerda


Tal qual em 1953 venceu a Selecção da Suécia* por 6-4, em prélio que colocou a formação azul e branca com a equipa ao tempo vice-campeã mundial




* primeira medalha a contar da esquerda


É desse período uma formação que se dá à estampa (equipa com a histórica e tradicional camisola de duas listas, mas ainda sem emblema, ao tempo), na imagem onde estão perpetuados os campeões da época de 1952/53.




De permeio, a importância do andebol no clube, foi-se traduzindo na participação da grande maioria dos atletas das Antas na selecção portuguesa, onde Henrique Fabião, capitão da equipa da camisola de duas listas azuis e brancas, verdadeira glória do emblema do Dragão, capitaneou também o grupo luso nas prestações desses anos.








E a embalagem foi sendo mantida, depressa chegando a conta de 20 campeonatos ganhos, em 1959/60, ocasião em que houve oferta de um galardão alusivo, dedicado aos Campeoníssimos, nome do escultural troféu. Acabando o clube, através de suas sucessivas equipas, na aí já vertente conhecida como andebol de onze, por averbar depois até o seu 30º título nacional do Onze em 1974/75, no último ano da correspondente prática - concluindo o FCP com 30 títulos em 37 campeonatos disputados. Chegara entretanto a variante de sete, concorrente que acabou por vingar, passando a jogar-se inicialmente em rinques ao ar livre e depois pavilhões fechados, com sete jogadores por equipa, cujo primeiro campeonato nacional se disputou em 1951/52 e no qual o F C Porto se inscreveu como vencedor no de 1953/54.






Daí em diante foi-se mantendo acesa a chama de sua representação, havendo conseguido amealhar até agora mais 13 títulos, além de outras provas, como a Taça de Portugal, a Supertaça e a mais moderna Taça da Liga, no escalão sénior. Em cujo percurso foram ficando na História celebrizados nomes, ao longo das diversas fases do historial portista, como Henrique Fabião, Armando Campos, Augusto Madureira, Fernando Dias, Augusto Costa, Carlos Teixeira, Joaquim Reis, Teófilo Tuna, Manuel Varela, Paulo Claro, Mário Sampaio Castro, José Dias Leite, Mário Capitão, Adalberto, Pacheco, Ferra, Capela, António Cunha, Borges, Leandro Massada, Tavares da Rocha, Maia, Madureira, Coelho, etc… Até aos mais recentes, Carlos Resende,Alexandre Barbosa, Eduardo Filipe, Inácio Carmo, Tiago Rocha, etc. etc.




































Algumas belas medalhas da época









Texto da autoria de ARMANDO PINTO http://www.longara.blogspot.com/

10 comentários:

Luis Costa disse...

Queria informar que fiz a consulta e tenho orgulho em vêr a foto do meu Pai que fazia parte, como guarda redes com o nome de Joaquim,guardo algumas medalhas e fotos desse tempo com muito carinho pois tive a felicidade de assistir a muitos jogos no campo da constituiçâo e no campo do Luso, junto ao estadio do Lima ...

Ramalho de Almeida disse...

Notável! Que saudade. Tive a honra de percorrer esses rterrenos do andebol de 11, também eu fui campeão nacional por 3 vezes, também tive o privilégio de ver jogar os mais velhos, o Madureira, o Luis Lima, o Hernâni, e aquela linha avançada, que era um verdadeiro espectáculo quando jogava naturalmente; Mota, Augusto Costa, Paulo Claro depois o meu querido amigo Fernando Dias, o Carlos Teixeira e o Campos.
Uma verdadeira máquina, ou melhor um rolo compressor quando abriam o livro.
Por ironia do destino, foram meus doentes o Fernando Dias, o Carlos Teixeira e o Armando Campos. Muitas saudades do seu convívio. Com o Campos privei durante mais tempo porque para além de ser o meu treinador nos juniores e no andebol de 7 consultáva-o periodicamente pois vivia assustado com os efeitos do tabaco.Foi um bom amigo.
Felizmente que ainda hoje nos juntamos todos, (às vezes somos mais de cem)num almoço ou jantar de Natal, e é uma festa. Somos de facto diferentes. Somos Dragões.

Anónimo disse...

Artur Santos disse...

Lembro com saudade estas fotografias e este historial aqui descrito na Memória Azul.
Fui um dos que tive o privilégio de fazer parte da equipa dos “ Campeoníssimos”.
Bem haja quem teve a ideia de, desta forma, perpetuar esta modalidade que sempre honrou o nome do F.C.P.

Abel Antunes disse...

Comecei a pesquisar dados acerca do andebol de 11, que ainda recordo da minha juventude, uma vez que fiquei com curiosidade de perceber em que condições terminou a modalidade.

Deparei-me com este blog, e mesmo sendo eu sócio do Benfica, em breve águia de ouro, não podia deixar de apresentar aos autores deste trabalho os meus sinceros parabéns (ainda que com um atraso de vários anos!). Gostei muito de ler e de ver fotografias que consigo transportam tanta história.

Se alguém souber de alguma forma de obter mais informações acerca desta modalidade (sua história, razões do declínio e decisão de extingui-la, etc.) agradeço qualquer pista.

Gostei igualmente de ler os comentários e, naturalmente, compreendo as saudades que os portistas sentem por esta modalidade histórica.

Um abraço benfiquista.

Unknown disse...

Foi com surpresa e comoção que descobri este blog.
Sou filho do na altura conhecido como Gomes dos Santos, que era avançado da equipa do Porto de Andebol de 11 e ganhou em 1939 o 1º campeonato Nacional, que naquela data se chamava campeonato de Portugal, frente ao Sporting e organizado pelo Jornal o Sécuulo, já extinto.
Tenho muitos recosrtes e fotos de Jornais
Em 1940, o Gomes era considerado o melhor avançado Português de Hand-Ball 11, como à data se escrevia.
Recortes de jotnais como o Norte Desportivo e o Comércio do Porto ambos extintos.
Tenho muitos recortes e fotos para quem estiver interessado.
A Pandemia dá para deambular pela arca das Recordações.
E viva o Porto

JOPINAS disse...

Boa tarde. Tenho amigos que praticaram andebol 11 e não se entendem quanto á existência de uma linha situada entre a linha do meio campo e a área uns dizendo que sempre existiu outros afirmando que foi introduzida muito mais tarde.
Alguns dizendo que servia para limitar o número de jogadores ofensivos e defensivos outros apenas para impedir que todos os elementos de ataque de uma equipa pudessem estar dentro dessa zona.
Poderá fazer o favor de me informar!?
Grato
jopinas@gmail.com

HELDER disse...

Jopinas , apesar de autor do blog não tenho conhecimentos para responder a essas dúvidas ...

Talvez alguém por aqui saberá responder .

Abraço

coelho disse...

Joguei no F C Porto com os 2 sistemas; primeiramente tinha as divisórias iguais às do futebol; como se verificou que as equipas mais fracas punham o "autocarro" na frente da baliza, passaram a existir duas linhas a 35 metros de cada baliza, dentro das quais apenas podiam atacar e defender 6 jogadores. Entre as 2 linhas de 35 metros não havia qualquer limite. Assim trouxe muita mais beleza ao jogo pois as equipas tecnicamente mais evoluídas passaram a ter mais espaço para evidenciarem a sua supremacia.
Abraço a todos em especial ao meu Amigo e Dr. Ramalho de Almeida.

Joao Pedro Santos disse...

Fantásticas fotos....

é com muito orgulho que vejo o meu Avô , na oitava foto a contar de cima.
de seu nome ...Manule Teixeira " NECA" que defendeu as balizas na época de 1939 a 1942...
Orgulho tripeiro e fantástica recolha de fotos...

Anónimo disse...

É com muito orgulho que vejo o meu tio avô aqui tao bem representado, ele foi a primeira pessoa a pegar em mim ao colo e eu nao tive o privilégio de o conhecer, o Grande Henrique Fabiao.