Conta-se que a mulher de Simões, central do F.C.Porto nessa época, desmaiou quando poucos minutos depois de começar o jogo com o Benfica viu o marido introduzir de forma casual e infeliz a bola na própria baliza onde estava o guarda-redes Fonseca.
Só recuperaria completamente quando Ademir, um brasileiro que o F.C.Porto já tinha "perdido" para o Boavista, num remate de longe, empatou o jogo e repôs a esperança do Título Nacional 19 anos depois.
Faltavam duas jornadas para o campeonato terminar. O F.C.Porto recebia nas Antas o Benfica e um empate servia as aspirações dos Dragões. Uma vitória seria ouro sobre azul, e uma derrota significava mais um ano, o vigéssimo sem ver a cor do título.
O Estádio das Antas recebia 80 mil adeptos que três horas antes já estavam nas bancadas preparados para fazer a festa pela qual esperavam há tantos anos. Havia gente em tudo o que era sítio, nem mais um alfinete cabia naquela moldura humana impressionante que não punha a hipótese de perder ali o campeonato.
O F.C.Porto tinha feito uma época notável, com grandes vitórias, grandes jogos, e grandes exibições. O clássico disputava-se sob temperatura escaldante. Estava calor e as relações entre os dois clubes eram tensas. Pedroto, como treinador, e Pinto da Costa, como director do futebol, não se cansavam de vociferar contra o que consideravam ser uma escandalosa protecção aos clubes de Lisboa. "Acabar com os roubos de igreja" foi uma das frases que Pedroto usou para incendiar ambientes e poder disputar apenas no campo os títulos com os clubes de Lisboa.
Aquele golo de Simões na própria baliza que pôs o Benfica a vencer anestesiou, durante 65 minutos, os 80 mil adeptos portistas que estavam à espera da festa. Foi o tempo que mediou até ao golo de Ademir. O empate e a loucura no estádio. Depois desse jogo faltava apenas confirmar o título. O que aconteceu.
O F.C.Porto chegou ao fim da prova empatado em pontos com o Benfica, mas a diferença de golos, 81 marcados e 21 sofridos, contra 56 marcados e 11 sofridos pelo Benfica, foi suficiente para quebrar o famoso jejum de 19 anos e lançar no ano seguinte o Bicampeonato, e uma viragem no futebol português. Há quem diga que o 25 de Abril só nessa época chegou ao futebol luso.
F.C.PORTO-3 V. SETUBAL-0
1 comentário:
Espetacular! Parabéns!
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